Semana 50: Saber Que Não Há Limites Para
Crescimento e Aproximação com D’us
As três semanas de 50 a 52 representam “Shavuot,” onde nos é ofertado um nível
mais elevado das sefirot intelectuais:
chochmá, biná e da’at. Esta
primeira semana está ligada a sefirá de chochmá.
Na quinquagésima semana, que marca Chai Elul, no Perek Shirá é chegada a hora da formiga ensinar ao preguiçoso para aprender
de seus caminhos e adquirir sabedoria (Provérbios 6:6). Conforme mencionado
durante a décima segunda semana, o Chassidismo acende um fogo interior na
pessoa, como se fora um despertar, para que possamos servir a D’us propriamente, como faz a formiga.[1]
Chai
Elul é a data do nascimento do Baal Shem Tov e
do Alter Rebbe de Lubavitch. Ba’al Shem Tov foi o fundador do Chassidismo, que
nos revelou segredos da Torá necessários
para servir a D’us em um nível mais elevado. O Alter Rebbe, que se considerava
o neto espiritual do Ba’al Shem Tov, deu prosseguimento a essa difusão de
conhecimentos, fundando o Chassidismo Chabad.
Conforme explicado, Chabad é o
acrônimo das palavras chochmá, biná e
da’at, respectivamente, sabedoria, compreensão e conhecimento. O objetivo
primordial do Chabad é o de trazer
luz e calor chassídico ao intelecto, a parte mais fria do ser humano.
A formiga é um exemplo de animal que parece não obedecer a parâmetros lógicos. Sua
força parece estar acima da compreensão, pois pode carregar objetos dezenas de
vezes maiores que seu peso. Na medida em que estamos conectados com D’us, que tudo
pode, recebemos força para trilharmos caminhos até então impossíveis. A força
de Chai Elul, data ligada a uma nova
aproximação com D’us, e a tantos
milagres que aconteceram com o Baal Shem Tov e o Alter Rebbe, também é algo
muito acima da nossa compreensão.
No Pirkê Avot, Elishá ben Avuiá dizia que
quem aprender a Lei Divina na juventude, a que se parece? A tinta escrita em
papel novo. E o que a estuda já velho, a que se assemelha? A tinta escrita em
papel que foi apagado (Cap. IV:20). Esta primeira interação com a Torá está ligada à sefirá de chochmá. Chochmá representa este primeiro contato
com a sabedoria, quando temos aquela primeira sensação de que “uma lâmpada
acendeu” em nossas mentes.
No Talmud, Elishá ben Avuiá é chamado de Acher – “o outro” – pois foi excomungado
pelos rabinos da época. Sua atitude perante D’us foi de tal desrespeito, que uma
voz celeste declarou que todos devem fazer teshuvá
(retornar a D’us), menos Elishá ben Avuiá.[2]
Ao chegarmos na semana cinqüenta, já
sabemos que não é mera coincidência que esta lição cai justo em Chai Elul. A visão chassídica é de
sempre tentar ver o lado bom e de procurar mecanismos para que os mais
afastados possam fazer teshuvá. Isto
já foi demonstrado anteriormente na semana do corvo, semana da Rosh Hashaná da Chassidut, dia 19 de Kislev.
O Rebbe de Lubavitch, baseado numa interpretação do Arizal, explica que D’us aceita até mesmo o arrependimento de Acher.[3]
Esta lição de Acher também está conectada com a
formiga. Por mais que a formiga tenha qualidades maravilhosas como apontado antes,
ela também é capaz de ter um lado não muito positivo, que é de se achar
superior aos outros. Vemos isto em seu
próprio canto, ao chamar o outro de preguiçoso e louvar as suas próprias qualidades.
No Judaísmo, algo pior que pecar, é ser arrogante. Sobre alguém arrogante, D’us
diz que “Eu e ele não podemos morar juntos”. Isto é algo seríssimo, que o
Chassidismo também veio para consertar. Há um ditado muito conhecido de um dos
mais extraordinários chassidim do
Chabad, Reb Hillel Paritcher. Diz ele que antes de ser chassid, ele se considerava um tzadik.
Ao começar a estudar o Tanya, principal
obra do Alter Rebbe, pensou: “quem me dera ser uma pessoa mediana (beinoni)!”
O próprio Alter
Rebbe, no discurso chassídico ao ser libertado da prisão no dia 19 de Kislev, enfatiza a importância da
humildade. Neste discurso, chamado Katonti,
o Alter Rebbe explica que a reação correta ao obter sucesso é perceber a bondade de D’us e sentir gratidão.
Cada vez que nos aproximamos de D’us entendemos melhor como somos pequenos em
relação a Ele.
No final do
primeiro capítulo do Tanya, o Alter
Rebbe explica que a impureza, klipá,
está ligada aos quatro elementos da natureza: fogo, água, ar, e terra. O fogo
representa raiva, e também arrogância (formiga). A água representa os prazeres
físicos (cobra). O ar representa a indiferença e a ironia (escorpião). A terra
representa a tristeza e a preguiça (a lesma). Depois das primeiras quatro
semanas ligadas ao mês de Elul, temos
a oportunidade de nos arrepender pelas más ações ligadas a todos estes
elementos.
Nesta semana,
conectada a sefirá chochmá, o grande “presente” de autoaprimoramento aprendido com a formiga é
que não há limites para aproximação com D’us. Como ela, podemos ser exemplos
edificantes para pessoas que ainda não atingiram níveis mais elevados de
judaísmo.
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