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Sunday, February 22, 2009

Semana 44: Reconhecer Nossos Erros e Mudar

Semana 44: Reconhecer Nossos Erros e Mudar

A  quadragésima quarta semana do calendário judaico é marcada pela recordação à Tishá B’Av. No Perek Shirá o camundongo agradece ao Eterno que o ergueu, e não deu gosto a seus inimigos (Salmo 30:2). Ademais, depois de capturado pelo gato, o camundongo reconhece que D’us tem sido justo em tudo o que sobreveio, porque agiu com iniquidade e Ele com verdade (Neemias 9:33).
Esta descrição está relacionada com Shimon e Tishá B'Av. Shimon, tanto o indivíduo quanto a tribo, cometeram erros graves. Entretanto, através do arrependimento, até Shimon será redimido na era messiânica. Também, existem paralelos claros entre o gato e o camundongo e a destruição do Templo, ocorrida em Tishá B'Av. Ilustrando, a história do gato e do camundongo pode ser comparada à perseguição dos judeus por nossos inimigos nesta época do ano. Na era messiânica esta  ocorrerá de forma inversa: o Povo Judeu perseguirá Amalek, que representa a força do mal no mundo, que deve ser destruída por completo.
No Pirkê Avot desta semana extraímos a lição de Rabi Nehorái que aconselha a nos exilarmos para um lugar de Torá. Contudo, alerta que neste ato de exílio, não devemos confiar em nosso próprio entendimento, pois é só através de debate com os colegas de estudo que  a Torá  se estabelece (Cap. IV:14). Tishá B’Av é sobretudo acerca do exílio, mas também de como nossos sábios se exilaram especificamente para um lugar de Torá, estabelecendo uma yeshivá em Yavneh, onde estudavam juntos e conseguiram dar continuidade ao Judaísmo.
Outrossim, o sofrimento e destruição vivenciado pelo Povo de Israel nesta época é  de díficil entendimento. Assim sendo, é apropriada a afirmativa de que não devemos nos basear em nossa compreensão limitada.
Nesta semana a combinação das sefirot resulta em guevurá shebemalchut pois devemos trabalhar nossa força e determinação para conseguirmos alcançar os objetivos neste mundo material, não obstante os obstáculos. Cumpre notar que Tishá B’Av é ligada a sefirá guevurá pois muitas tragédias ocorreram neste dia, incluindo o decreto no qual os judeus iriam passar mais 40 anos no deserto, bem como a destruição dos dois Templos. No entanto, também é ligado a sefirá malchut e a vinda do Mashiach.
Ainda, a lição de auto-aprimoramento que obtemos do camundongo é a de que D’us pode nos levantar a qualquer momento. Para sair de uma depressão, devemos aumentar nossas orações, que só a Ele devem ser dirigidas. Mais do que isso, temos que entender que qualquer queda,seja no âmbito individual ou como um povo, é razão para que iniciemos um processo de teshuvá (retorno a D’us). Entretanto, o auto- julgamento só é positivo se não remexermos em demasia em nossos pecados, mas sim aprendermos com eles para tornarmo-nos pessoas melhores. Existe uma fronteira tênue entre coração arrependido, que é um sentimento positivo, e depressão, que deve, se possível, ser evitada a todo custo, pois faz a pessoa se afastar mais ainda da Torá e das mitzvot. O sentimento aqui almejado deve nos levar a alegria, conforme veremos na semana a seguir.

Sunday, February 15, 2009

Semana 45: Dar a Volta Por Cima Através do Amor e da Humildade


Semana 45: Dar a Volta Por Cima Através do Amor e da Humildade

Na  quadragésima quinta semana, quando ocorre Tu B’Av no Perek Shirá , as criaturas rastejantes exultam Israel no louvor a Seu Criador para que se alegrem com Seu Rei todos os filhos de Tsión e que saibam louvar Seu Nome com alegria e dança; e declaram que perpétua é a glória do Eterno! Possa Ele sempre Se alegrar com o que criou (Salmo 149:2 e 104:31).
Tu B’Av é conhecido como o dia mais romântico do calendário judaico. Este foi o dia em que as Tribos de Israel voltaram a casar entre si, o que até então estava proíbido. Para comemorar esta data, neste dia, as moças do Povo Judeu faziam uma roda e se apresentavam a homens solteiros em busca de casamento. O Talmud explica que cada mulher falava de coisas diferentes que poderiam impressionar o possível futuro marido. Isto está relacionado com o tikun da audição ligado ao mês de Av, já que cabia ao homem escutar positivamente.
O cântico das criaturas rastejantes enfatiza a alegria, e de acordo com o Talmud, Tu B’Av, juntamente com Yom Kippur, representam os dias mais felizes do ano. Interessante notar também que esta canção fala da alegria de Tsión (Jerusalém), logo após a semana de Tishá B’Av, na qual Jerusalém foi destruída. É importante entender que, de certa forma, a alegria de Tu B’Av vem através da tristeza que tivemos em Tishá B’Av.
As criaturas rastejantes são tão numerosas que sua multiplicação serve de exemplo para o Povo de Israel nesta data. A palavra hebraica usada na Torá para descrever o auge de nossa reprodução e multiplicação quando estávamos no Egito era yshretzu, da palavra sheretz, criatura rastejante.[1]
Rabi Yanái no Pirkê Avot afirmou que não nos é dado compreender a serenidade do malvado nem as tribulações do justo (Cap. IV:15). As palavras do Rabi Yanái falam de felicidade (ligada a semana de Tu B’Av), e também de sofrimento (ligado a semana anterior, de Tishá B’Av). Como as criaturas rastejantes, somos muito pequenos em relação a D’us e não temos como compreender Seus desígnios. Temos apenas que ter fé completa pois tudo que Ele faz é para o bem.
Nesta semana a combinação das sefirot resulta em tiferet shebemalchut, sendo que na festa de Tu B’Av impera o equilíbrio e beleza conectados a este mundo material, como acontece no casamento. Tiferet também significa compaixão, sendo esta semana bastante ligada à piedade.
A lição de auto-aprimoramento que extraímos das criaturas rastejantes é a de que apesar da condição de humildade desses seres -e exatamente por causa desta-, eles conseguem se multiplicar, enaltecer e louvar verdadeiramente o nome de D’us.


[1] Êxodo 1:7

Sunday, February 8, 2009

Semana 46: Saber Nosso Lugar Para Ser Verdadeiramente Feliz


 Semana 46: Saber Nosso Lugar Para Ser Verdadeiramente Feliz

E na quadragésima sexta semana, a última  do mês de Av, no Perek Shirá as prolíficas criaturas rastejantes declaram que em seu lar, a esposa será como uma fecunda videira e seus filhos como ramos da oliveira em volta de sua mesa (Salmo 128:3). Esta semana também marca o yahrzeit do pai do Rebbe, o Rabino Levi Yitzchak Schneerson, no dia vinte de Av.
Na semana que segue a de Tu B’Av, o Perek Shirá continua falando sobre casamento e reprodução. A repetição deste tema talvez seja para enfatizar que o amor, casamento e  construção de um lar não é algo de um momento só. Aquele sentimento inicial tem de ser trabalhado e aprimorado por toda vida, semana a semana.
No Pirkê Avot ensina Rabi Matiá ben Charash, que devemos ser os primeiros a saudar a quem encontramos, e é melhor sermos um rabo de leão do que uma cabeça de raposa (Cap. IV:15). É incrivel que esta Mishná seja mencionada aqui porque esta é exatamente a última semana do mês do leão, Av, e está a uma semana de ser a primeira do mês seguinte, semana de Rosh Chodesh, literalmente “cabeça do mês”.
Perante a opressão soviética, o pai do Rebbe prefiriu manter-se firme em sua resistência mesmo quando poderia ter se unido à liderança comunista. Sua exigência em relação à cashrut de sua fábrica de matzot é um grande exemplo disso. É sabido que o leão traz o rabo para sua cabeça, enquanto a raposa leva a cabeça a seu rabo.[1] Hoje em dia, o pai do Rebbe é tido como um grande líder, enquanto que o comunismo soviético já é um conceito ultrapassado.
Nesta semana, a combinação das sefirot resulta em netzach shebemalchut, isto é, devemos ser persistentes em nosso intento de nos ligarmos ao Rei dos reis e revelá-Lo neste mundo material.
A lição de auto-aprimoramento que extraímos das prolíficas criaturas rastejantes é que a humildade que atingimos durante este mês, tem que ser utilizada produtivamente – para crescer e multiplicar, como a videira e a oliveira.




[1] Midrash Shmuel

Sunday, February 1, 2009

Semana 47: Hora de Teshuvá - Retornar a D’us!


Semana 47: Hora de Teshuvá - Retornar a D’us!

Esta semana marca Rosh Chodesh Elul. Elul é o mês cuja característica principal é o retorno a D’us. De forma análoga ao nosso relacionamento com D’us, o rei passa o ano no seu palácio e um determinado dia sai ao campo para falar com seu povo. Começando em Rosh Chodesh Elul, D’us, nosso Rei, está no campo, perto de Seu Povo e escutando suas súplicas. Neste mês, temos a oportunidade de nos aproximar muito de D’us e de pedirmos perdão, fazermos teshuvá (retornarmos a Ele), a fim de nos prepararmos para o próximo Rosh Hashaná.
Elul é representado por Gad, uma tribo forte e corajosa. Seu nome literalmente quer dizer “sorte”, denotando que os judeus estão acima da sorte e tudo depende somente de nossa teshuvá.[1]
E justo nesta quadragésima sétima semana no Perek Shirá é a vez da cobra declarar que o Eterno dá apoio a todos os caídos, e endireita a todos os encurvados (Salmo 145:14). Quão apropriado que caia este versículo justamente em Rosh Chodesh Elul, quando a cobra canta versos de arrependimento, afirmando que somente através da teshuvá somos redimidos.
No Pirkê Avot, Rabi Yaacov dizia que este mundo é como uma antecâmara do Mundo Vindouro; prepara-te na antecâmara para que possas entrar no salão (Cap. IV:16-17). Ele também dizia que cada momento de arrependimento e bons atos neste mundo, é melhor do que toda a vida do Mundo Vindouro. E, um único momento de prazer e felicidade no Mundo Vindouro, é melhor que toda a vida deste mundo. O propósito deste mundo é apenas o de ser uma antessala para o Mundo Vindouro. Estes ensinamentos são bastantes apropriado para Rosh Chodesh Elul, quando o Povo Judeu começa o processo de arrependimento. Neste sentido, o mês de Elul é uma antessala para Rosh Hashaná e Yom Kippur.
Nesta semana, a combinação da sefirot resulta em hod shebemalchut. Chegou a hora de servir a D’us de forma palpável e real. A lição de auto-aprimoramento que extraímos da cobra é a de que, mesmo nos mais baixos patamares, podemos nos arrepender e sermos perdoados e elevados por D’us.




[1] Ryzman,  p. 195

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