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Sunday, March 29, 2009

Semana 39: Ver o Mundo com Bons Olhos, para Poder Elevá-lo

Semana 39: Ver o Mundo com Bons Olhos, para Poder Elevá-lo

Esta semana marca Rosh Chodesh Tamuz e também Gimmel Tamuz, data do falecimento do Rebbe e do início da libertação do Sexto Rebbe. Tamuz é representado pela tribo de Reuven, o primogênito de Jacob.
O mês de Tamuz está relacionado ao tikun (recuperação) do nosso olhar. Interessante notar que o nome Reuven vem da palavra reiyá, visão. Este mês está ligado ao tikun do pecado dos espiões. Eles foram enviados à Terra de Israel durante o mês de Tamuz e a olharam com maus olhos, com exceção de Yehoshua e Caleb.
Na trigésima nona semana o urso canta no Perek Shirá que em cânticos elevem a voz, o deserto e suas cidades, as aldeias habitadas no deserto de Kedar; entoem melodias os que habitam entre as rochas, e do cume dos montes clamem com alegria em alta voz. Que glorifiquem ao Eterno, e proclamem nas ilhas Seu louvor (Isaías 42: 11-12).
O canto do urso contém exatamente o conceito de olhar para o mundo com bons olhos. O urso vê nos desertos, cidades, aldeias, montanhas e ilhas, o grande potencial de louvar a D’us. É assim que devemos enxergar o mundo – todos temos este potencial. Basta abrirmos os olhos para ver.  O trabalho do Rebbe, que na verdade começou com o sexto Rebbe, foi sempre de olhar em cada judeu seu grande potencial. Foi assim que conseguiu formar tantos líderes. O Rebbe conseguiu espalhar a luz do Judaísmo e da Chassidut aos cantos mais longínquos da terra: cidades e desertos espirituais, montanhas e ilhas.
Eliyahu HaNavi, que anunciará a vinda de Mashiach, também está associado com urso. É interessante notar que assim como o urso se refere a Arábia (Kedar), o Talmud contém histórias de como Eliyahu se fantasiava de árabe quando se apresentava diante dos tzadikim da época.
            O Pirkê Avot desta semana está expresso no ensinamento do Rabi Meir (Ba’al HaNess) ao lecionar que devemos minimizar as atividades comerciais para podermos nos ocupar da Torá (Cap. IV-10). Ba’al HaNess significa “Mestre do Milagre”, assim chamado, devido aos milagres em seu mérito, inclusive um grande milagre envolvendo o profeta Eliyahu. Ademais, Rabi Meir aconselha a humildade perante a todos. Ensina que se abandonarmos o estudo da Lei Divina, encontraremos tropeções no caminho, mas se nos ocuparmos desse estudo, encontraremos abundante recompensa (Cap. IV:10).  Rabi Meir também representa a idéia de ver o potencial de pessoas nos lugares mais longínquos. Ele era descendente de convertidos, e quando pessoas o maltrataram, rezou para que fizessem teshuvá (retornassem a D’us), o que afinal fizeram.
Nesta semana a combinação das sefirot resulta em netzach shebeyesod, na qual devemos ser persistentes para manter nossa base de Torá e mitzvot. Sabemos que José, que representa a sefirá de yesod, sofreu a tentativa de sedução por parte da mulher de Potifar. Rashi compara esta mulher a um urso. Sempre existirão “outros tipos de ursos” tentando nos distrair de nosso objetivo central. Temos que nos manter firmes e fortes como o próprio urso, e não perder de vista nosso objetivo.
Nesta semana, aprendemos do urso que por onde quer que estejamos, devemos tratar de falar da Torá e fazer o que pudermos para elevar em santidade o local.

Sunday, March 22, 2009

Semana 40: Lutar Pela Verdade

 Semana 40: Lutar Pela Verdade

E na quadragésima semana, ainda no começo do mês de Tamuz, no Perek Shirá o lobo canta que sobre toda coisa de delito – sobre boi, asno, cordeiro, roupas ou qualquer coisa perdida em que houver qualquer contestação – a causa de ambos virá aos juízes; e aquele a quem os juízes condenarem pagará o dobro a seu companheiro (Êxodo 22:8).
O verso do lobo tem uma conexão forte com Reuven. Reuven havia perdido a porção dupla que tinha direito como primogênito, por causa de um erro que cometeu, ao mexer a cama de uma das concubinas de Jacob. Em outra ocasião, quando Jacob impediu que levassem Benjamin para o Egito, Reuven disse que se não o trouxessem de volta, estaria disposto a abrir mão de seus dois filhos, o que equivaleria ao “dobro” da perda.
O lobo é o símbolo da tribo de Benjamin, que por sua vez, também está bastante conectado com o verso deste animal. Ao chegar no Egito, Benjamin é acusado injustamente de roubo pelo Vice-rei,  José. Benjamin também é o mais conectado com a Terra de Israel pois foi o único que lá nasceu.
O verso do lobo também contém um paralelo muito interessante com a conquista da Terra de Israel. O primeiro comentário do Rashi na Torá explica porque a Torá começa com a criação do mundo, e não com a saída do Egito. O sábio explica que quando os povos nos acusarem de "ladrões", alegando de estarmos "roubando" a terra, diremos que todo o mundo é de D’us, e é Ele quem determina quais terras dar a quem.
Nesta semana, o Pirkê Avot através da lição de Rabi Eliezer ben Yaacov ensina que quem cumpre uma mitsvá adquire para si um defensor; e aquele que comete uma transgressão, adquire para si um acusador. O arrependimento e as boas ações são como um escudo contra a retribuição (castigo) (Cap. IV:11). A lição do Pirkê Avot está bastante ligada ao roubo, uma má ação que traz um acusador. Ao mesmo tempo, também está ligada ao mês de Tamuz e ao conserto do olhar. É importante olhar os outros com bons olhos, apreciando suas boas ações, para podermos também servir como bons defensores.
 A combinação das sefirot resulta em hod shebeyesod. Nesta semana devemos ser gratos, dedicados, e corretos em nossos conceitos éticos elementares judaicos. A lição de auto-aprimoramento que aprendemos com o lobo é a de que não devemos ser injustos  permitindo  assim,que a falsidade prevaleça sobre a verdade.


Sunday, March 15, 2009

Semana 41: Não Se Deixar Corromper


Semana 41: Não Se Deixar Corromper

Na  quadragésima primeira semana no Perek Shirá a raposa avisa que será punido aquele que constrói sua casa sem retidão e seus terraços sem justiça; que faz seu semelhante trabalhar de graça e não lhe entrega seu salário (Jeremias 22:13). Esta semana é marcada pelo dia de 17 de Tamuz, quando começamos a contagem das três semanas de luto conectadas à destruição do Templo. Esta destruição da casa de D’us ocorreu em razão da injustiça daquela época. Esta semana também inclui a festa chassídica de Yud Beit/Yud Gimmel Tamuz (12 e 13 de Tamuz), aniversário e dia de redenção do Sexto Rebbe de Lubavitch, Yosef Yitzchak Schneerson.[1]
A raposa é o símbolo da destruição do Templo, conforme descrito no Talmud, no final do tratado de Makkot. Lá se conta que vários rabinos da época da destruição do Segundo Templo, viram uma raposa entrar no local onde ficava a parte mais sagrada do Templo. Neste trecho, o Talmud relata como Rabi Akiva consegue ver estes acontecimentos com bons olhos e com otimismo, ao ponto de começar a rir, enquanto os outros rabinos estavam chorando. Ao explicar o riso, Rabi Akiva consegue consolar os outros rabinos.
Os dias 12 e 13 de Tamuz marcam o momento em que o Sexto Rebbe de Lubavitch desafiou o império soviético da época e venceu. Anos depois, a União Soviética em si, marcada pela injustiça e falta de retidão desmoronou, assim como o muro de Berlim. O sétimo Rebbe, Menachem Mendel Schneerson previu este acontecimento muitos anos antes.
Rabi Yochanán HaSandlar ensinou através do Pirkê Avot que toda a assembléia  por amor ao Céu obterá resultados duradouros, mas aquela que não for por amor ao Céu não os obterá (Cap. IV:11). O ensinamento de Rabi Yochanán é muito similar ao verso da raposa. Ele está discutindo a importância de não se corromper e se dividir por motivações pessoais. A firmeza da comunidade vem através de mantermos os princípios, e agir de acordo com a vontade de D’us. O melhor exemplo disso é o próprio Sexto Rebbe de Lubavitch, que conseguiu que a religião judaica se mantivesse em plena opressão comunista. Sabemos que quando não seguimos a palavra de D’us, a comunidade inteira sofre e nossas estruturas não sobrevivem, como ocorreu em 17 do mês de Tamuz.
A combinação das sefirot resulta em yesod shebeyesod, isto é, firmeza absoluta em nossa base judaica, para que a fundação representada pela casa e comunidade continue no caminho de D’us.
A lição de auto-aprimoramento que obtemos da raposa é a de que devemos praticar o bem e não nos deixar entorpecer por oportunidades desonestas e imediatistas. Se caminharmos com as lições da Torá , nossa casa será mais sólida e segura.


[1] Quando damos a cada dia do ano uma combinação de sefirot, o dia 12 de Tammuz resulta em guevurá shebeyesod shebeyesod. O Rebbe Yosef Yitzchak foi o Sexto Rebbe, e como explicado, yesod é a sexta sefirá. Além disto, Yosef representa a sefirá yesod e Yitzchak a sefirá guevurá. Vale notar que este livro foi concluído nesta data.

Sunday, March 8, 2009

Semana 42: Perseguir a Justiça


Semana 42: Perseguir a Justiça

Na quadragésima segunda semana no Perek Shirá, que se passa durante as três semanas de luto, o cão de caça clama aos justos que exultem o Eterno e, àqueles de coração puro, cabe erguer cânticos de louvor (Salmo 33:1).
Interessante notar que o cão de caça, que representa retidão, vem depois do animal caçado por ele, a raposa, ligada a corrupção e injustiça. O cão também é o exemplo perfeito da lealdade. Durante este período de três semanas de luto, lembramos que depois de milênios de exílio e tantas tragédias, o Povo de Israel ainda consegue manter-se leal e fiel a D’us, assim como o cão. Além disso, D’us também manteve sua fé em nós. Tal lealdade e retidão, tanto por parte do Povo Judeu e de D’us, certamente é digna de reconhecimento e louvor.
Rabi Elazar ben Shamúa nos ensina no Pirkê Avot que a honra de teu aluno deve ser tão preciosa para ti como a tua própria honra; e que a honra de teu colega seja como a tua reverência por teu mestre, e que a reverência por teu mestre seja como o temor ao Céu (Cap. IV:12). Existe aqui outra ligação com Tamuz: a capacidade de olhar a todos com bons olhos, enxergando mais a fundo o grande valor e potencial de cada um, seja ele aluno, colega, ou mestre. O cão de caça segue muito bem o ensinamento de Rabi Elazar, tendo uma veneração ao seu dono parecida com aquela devida aos Céus!
Na quadragésima segunda  semana a combinação das sefirot resulta em malchut shebeyesod pois com base em uma fundação judaica sólida iremos influenciar o mundo a nossa volta e exaltar o nome de D’us.
Finalmente, a lição de auto-aprimoramento que extraímos com o cão de caça é a de que, tal qual este  persegue a raposa, devemos sempre “perseguir justiça” a todo custo. [1]


[1] Deuteronômio 16:20

Sunday, March 1, 2009

Semana 43: Perseguir o Amor e a Paz


Semana 43: Perseguir o Amor e a Paz

Na quadragésima terceira semana, de Rosh Chodesh Av, é o gato quem louva a D’us no Perek Shirá. Em primeiro lugar, o gato elabora que embora o inimigo possa subir ao alto como a águia e fazer seu ninho entre as estrelas, dali o Eterno irá fazé-lo descer (Obadias 1:4). E ainda, o gato declara ao alcançar o camundongo que perseguiu seus inimigos e os dominou, e não voltou até os consumir (Salmo 18:38). O gato é um felino, quase um leão em miniatura. Neste mês temos o potencial de ser como leões. No futuro, Mashiach reinará na Terra como o leão, e ele nascerá no mês de Av. Rosh Chodesh Av  que é o yahrzeit de Aarão, uma das poucas datas de falecimento mencionadas explicitamente na Torá. Aarão era conhecido por perseguir a paz.[1]
O mês de Av tem o leão como símbolo no zodíaco. Como explicado na semana 38, o Midrash mostra a relação do mês de Av com o leão. Este mês é representado pela tribo de Shimon, que tem um atributo muito forte de julgamento severo. Este mês também está relacionado ao tikun (recuperação) da audição. O nome Shimon vem da palavra shmiá, audição, e este mês está ligado ao pecado do povo que deu ouvido aos espiões. Foi em Av que os espiões contaram a descrição de Terra de Israel ao povo, que absorveu a parte negativa e se acovardou, ao invés de assimilar somente a parte positiva do relato.
O gato, que vem a ser predador do camundongo, canta de como vai conseguir sua presa. Isto é apropriado para o começo do mês de Av, quando os judeus foram presas de seus inimigos. O cântico do gato vem de palavras do profeta Obadias, direcionado a Roma. Foi Roma que perseguiu e causou a destruição do Segundo Templo.
Nesta semana, o Pirkê Avot através do ensinamento de Rabi Yehudá Bar Ilai alerta para que sejamos cautelosos ao estudar, pois um erro inadvertido por falta de estudo é considerado uma transgressão voluntária (Cap. IV:13).  Sabe-se que a destruição do Primeiro Templo foi devida à falta de importância dada ao estudo da Torá.
Rabi Yehudá também exemplifica a possibilidade de paz entre judeus e romanos. Uma vez ele encontrou um romano que era o único sobrevivente de um naufrágio. Apesar de  sequer conhecê-lo, Rabi Yehudá lhe deu suas roupas. Depois descobriu-se que este romano desconhecido era um legislador poderosíssimo e que por causa de Rabi Yehudá anulou todos os decretos desfavoráveis ao Povo de Israel![2]
Nesta semana a combinação das sefirot resulta em chesed shebemalchut. Como Rabi Yehudá, temos que demonstrar nossa bondade de forma que ela tenha um impacto neste mundo material. A lição que podemos extrair do gato é a de que assim como o gato persegue o camundongo de forma negativa, devemos ser como Aarão e “perseguir” de forma positiva, com amor e paz, todos os nossos semelhantes.  


[1] Pirkê Avot, I:12
[2] Marcus, p. 138

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