Semana 36: Andar com Fé
Na semana trinta e
seis do calendário judaico, semana que marca a festa de Shavuot, no Perek
Shirá a gazela canta elegias e exalta a cada manhã, o poder e benevolência
de D’us, seu abrigo e refúgio
em tempos difíceis (Salmos 59:17). Shavuot é o yahrzeit do Rei David e do Ba’al Shem Tov.[1]
A palavra em hebraico
para gazela, tzvi, tem a
mesma guematria que a palavra emuná,
fé, e é formada por três letras: tzadi, beit, e yud, as primeiras letras de cada palavra
no versículo “o tzadik vive pela sua fé”, do profeta Habakuk. O Rei
David e o Ba’al Shem Tov são dois dos maiores exemplos deste dito. O Talmud explica que este versículo na
verdade é o resumo de toda Torá que foi dada a Moisés no Monte Sinai, em
Shavuot.[2]
A canção da gazela
expressa a fé em Hashem, já que canta de seu regozijo de manhã, depois
que Hashem a salvou da opressão (conceito associado à noite). Este canto
também parece bastante relacionado aos versos 2 e 3 do Salmo 92: “É bom
agradecer a Hashem, e cantar o
Seu Nome, ó Supremo/ Falar de Sua bondade pela manhã, e de Sua fé a
noite.” O dia é associado a chesed, enquanto a noite é associada a guevurá. Depois
das dificuldades que sofremos durante a contagem do ômer, também relacionada com a noite,[3]
em Shavuot vemos a revelação de D’us
com clareza, como o dia.
Os chifres da
gazela são como uma coroa, e sabemos que o Povo de Israel também foi coroado
por mostrar sua fé na hora do recebimento da Torá. O Midrash nos diz que
enquanto outros povos recusaram a Torá,
os judeus disseram “Faremos e ouviremos!” O Povo Judeu aceitou cumprir as mitsvot antes mesmo de ouvi-las e
entendê-las, e por isso cada judeu recebeu duas coroas, uma por ter dito “faremos” e outra por “ouviremos”. Estas coroas foram retiradas depois do pecado do
bezerro de ouro.
O Pirkê Avot
desta semana está no ensinamento do Rabi Iossé que ensina que aquele que honrar
a Torá será respeitado pelos homens,
e quem a profanar , não merecerá o respeito de ninguém (Cap. IV:8). Esta lição
está relacionada com a entrega da Torá, quando todo Povo de Israel foi
elevado. Quando descumpriram a Torá, foram rebaixados.
Nesta semana a
combinação das sefirot resulta em chesed shebeyesod. Em Shavuot,
o Povo Judeu teve que estar firme em sua fundação para receber a grande bondade
que é a Torá. Naquele
momento, a revelação de D’us foi tão forte, que sem uma fundação apropriada, o
Povo não teria conseguido testemunhar aquele momento. Ainda, a lição que
depreendemos da gazela é a de que devemos ter fé “de noite”, em tempos difíceis,
sabendo que eventualmente poderemos agradecer à Hashem “de dia”, ou
seja, nos bons momentos.
[1] Note-se que a data de
nascimento do Ba’al Shem Tov ocorre
na semana cinquënta, “Shavuot” do
ano.
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