Semana
52: Coroar D’us como Nosso Rei
Finalmente,
chegamos à última semana, quinquagésima segunda, quando os cachorros clamam a
todos para que adorem e prostem-se em reverência ao Eterno Criador (Salmo
95:6). Esta semana coincide com o periodo de Rosh Hashaná do ano seguinte. Note-se que o número cinquenta e dois
tem a guematria da palavra cachorro em hebraico.
O canto dos
cachorros é uma referência ao objetivo principal de Rosh Hashaná: coroação de D’us, nosso Criador, como Rei do
Universo. Rosh Hashaná e Yom Kippur são as únicas épocas do ano
em que os judeus literalmente se ajoelham e se prostram diante de D’us. De
fato, se prostrar é um sinal de submeter nosso intelecto, já que a cabeça vai
ao chão. O cachorro, kelev em
hebraico, tem esta característica, pois seu nome significa “kulo lev,” “todo coração.” Seu coração domina totalmente seu raciocínio. Existe
um conceito básico no chassidismo, que o intelecto sempre domina o coração. Contudo,
quando se está diante de D’us, entendemos que o intelecto é nada comparado a
Ele.
Na cabalá, o
cachorro representa o conceito de impureza. O cachorro é só coração, e normalmente
atos impuros têm uma ligação com o lado emocional. A conclusão do Perek Shirá contém uma explicação
dada por um anjo ao Rabino Yeshaya, aluno do Rabino Chanina Ben Dosa, do motivo
da inclusão do cachorro neste livro. O anjo explica que os cachorros se
comportaram bem durante a saída dos judeus do Egito, se mantendo calados, sem latir.
Assim como na redenção do Egito, com a chegada de Mashiach, toda impureza será nulificada e elevada para o
cumprimento de Torá e mitzvot. Já vemos parte disto nos tempos
atuais, onde o cachorro não é mais conhecido por sua impureza, mais sim como o “melhor
amigo do homem”, fiel e leal. A propósito, a chegada de Mashiach será anunciada por Eliyahu,
cuja guematria de seu nome equivale ao número cinquenta e dois.
Nesta
semana no Pirkê Avot Rabi Elazar HaCapar ensina que a inveja, tentação, e a
busca de honrarias arrebatam o homem do mundo (Cap. IV:21). Rabi Elazar também
captou a idéia ligada ao cachorro de aprendermos a controlar emoções negativas.
Estes sentimentos passam a ser irracionais quando entendemos que é D’us quem
controla o mundo e tudo que Ele faz e comanda é para nosso próprio bem.
Rabi Elazar
HaCapar: “aqueles que nascem estão destinados a morrer; aqueles que estão
mortos estão destinados a voltar a viver; e aqueles que vivem estão destinados
a ser julgados. Saiba, faça conhecer, e tome consciência de que Ele é D’us, Ele
é o Modelador, Ele é o Criador, Ele é o Discernidor, Ele é o Juiz, Ele é o
Testemunha, Ele é o Litigante, Ele no futuro julgará. Bendito seja Ele, diante
de quem não há iniquidade, nem esquecimento, nem parcialidade, nem suborno; e
saiba que tudo se faz segundo o cálculo. Que tua má inclinação não te assegure
que a tumba será um lugar de refúgio para ti, pois contra tua vontade foste
criado, contra tua vontade foste feito nascer, contra tua vontade vives, contra
tua vontade morrerás, e contra tua vontade estás destinado a prestar contas
perante o supremo Rei dos reis, o Santo, Bendito seja” (Cap. IV:22).
Esta segunda parte
é uma descrição perfeita do que é Rosh
Hashaná. Com estas palavras, começamos novamente o ciclo do ano e da vida.
As palavras de
Rabi Elazar HaCapar estão conectadas com julgamento e da’at, a sefirá desta
última semana. Da’at é a aplicação do
conhecimento a realidade dos eventos diários. Vejam como a palavra da’at aparece repetidamente neste verso:
“saiba, faça conhecer e tome consciência” em hebraico é leidah, lehodiah, le'ivadah, todos verbos que tem da'at na sua raiz etimológica.
A
sefirá de da’at
também é conhecida como keter, coroa.
Na semana de Rosh Hashaná, coroamos D’us
como nosso Rei. Temos que entender que nada somos comparados a Ele. Somente Ele
decide, julga e cria. Ele D’us é o Rei dos Reis, Abençoado e Único.
Como mencionado,
esta semana continua conectada a “Shavuot”. Devemos nos inspirar na lição dos
cachorros e aproximar aqueles afastados, para que se dirijam de corpo e alma e
louvem ao Criador.